Eu não tinha muita paciência para esperar por ela.
Apenas folheava as revistas, não conseguia prestar atenção em uma única palavra que lia. Era um sábado, nove e meia da manhã. Tudo bem que o almoço estava marcado apenas para a uma da tarde, mas minha ansiedade falava mais alto. Minha vontade era acabar logo com tudo, eu queria pôr fim àquela dor aguda.
Mesmo tendo passado a noite anterior com Solange, que eu tinha certeza ser a mulher de minha vida, a angústia tomava conta de mim. Solange nada podia fazer para que pudéssemos ficar bem, só nós dois, sem eu ter meus pensamentos desviados. Não é todo homem que se vê numa situação tão delicada.
Entrei.
Bom dia, eu disse formalmente, já sabendo o que fazer, passo a passo.
Sentei, me acomodei da melhor maneira possível, fechei os olhos e senti o mundo virar.
Pronto, eu já podia ir almoçar com Solange sem a maldita dor.
Pareceu uma eternidade entre abrir a boca e levar a picada da anestesia.